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Úlceras Vasculares, o que é importante saber

  • Foto do escritor: Dr André Bertocco
    Dr André Bertocco
  • 16 de fev. de 2022
  • 3 min de leitura

Úlceras Vasculares

Introdução


As feridas crônicas dos membros inferiores, independentemente de sua causa, são lesões graves da pele e tecidos subjacentes que causam a seus portadores e familiares imensos problemas, como dor permanente, incapacidade, sofrimento, perda da autoestima, isolamento social, gastos financeiros, afastamento do trabalho e alterações psicossociais. Entre essas lesões, que denominaremos de úlceras, destacamos as que acometem os membros inferiores. São várias as suas etiologias, predominando nas úlceras de perna a insuficiência venosa crônica (IVC), seguidas da insuficiência arterial, da neuropatia diabética e outras causas.


O que são úlceras vasculares?


O termo se refere à destruição da camada de epiderme que persiste por 2 ou mais semanas, com a extensão podendo ser variável, desde limitada a derme ou eventualmente atingindo tecidos subcutâneos ou mesmo tecidos mais profundos. Úlcera de perna não é uma patologia, mas sim manifestação de algum problema subjacente que deve ser corretamente diagnosticado e tratado.


Quais os tipos mais comuns?


Aproximadamente, 60 a 80% das úlceras nas pernas são causadas por doença venosa, 10 a 15% por insuficiência arterial, 5 a 8% por neuropatias (neuropatia diabética, por exemplo) e, 10 a 20 % por causas mistas.


Quais os cuidados básicos para com uma úlcera nos membros inferiores?


Os cuidados básicos para tratamento de úlceras vasculares incluem basicamente medidas higiênicas, curativos realizados de forma adequada ao tipo de úlcera tratada, tratamento e controle de comorbidades tais como hipertensão arterial, diabetes melito, anemia, insuficiência cardíaca congestiva, dentre outros.


Quando devo consultar um Cirurgião Vascular?


Sempre que apresentar uma lesão ulcerada que não cicatriza em menos de 2 semanas ou se desde o inicio da lesão apresentar sinais de infecção da úlcera (secreção purulenta, ou seja, presença de pús saindo da ferida, odor fétido, presença de vermelhidão ao redor da lesão), além de dor intensa e/ou presença de necrose tecidual. Na avaliação vascular devem ocorrer: 1) Anamnese detalhada (história clínica da doença do paciente com todos os dados relativos à doença apresentada) com a história do desenvolvimento da úlcera, presença de comorbidades, etc; 2) Pesquisa de alterações de pele como hiperpigmentação, eczema – presença de inflamação da pele com descamação e coceira intensas; lipodermatoesclerose – alteração da pele com mudança da textura e coloração dando um aspecto de pele endurecida e escurecida porém frágil; queda de pêlos, sinais de malignidade – alterações compatíveis com tumor de pele; 3) Exame físico vascular com palpação de pulsos e realização de Índice tornozelo-braço 4) Pesquisa de alterações na perna como edema, sensibilidade e dor; 5) Avaliação da úlcera com localização, aspecto, tamanho, fundo, exsudato – saída de secreção pela ferida - e, pele presente ao redor da ferida


As úlceras podem complicar?


Sim, independentemente do tipo de úlcera, as complicações podem ocorrer e gerar quadros graves resultando em amputações, sepse (infecção grave, generalizada, que pode causar queda na pressão arterial e evoluir para morte) e até óbito. Considerando o risco de complicar, se faz fundamental um diagnóstico preciso do tipo de úlcera e consequentemente a implantação do tratamento adequado.



Conclusão


Considerando a prevalência das úlceras, bem como seus impactos no paciente como um todo se faz fundamental na presença de uma úlcera de membros inferiores, uma avaliação médica por um especialista em cirurgia vascular para um diagnóstico preciso associado a uma terapêutica adequada, visando a cicatrização da lesão e prevenção da recidiva. As feridas nas pernas muitas vezes são menosprezadas tanto pelos pacientes (que pela dificuldade de cicatrização desanimam dos cuidados) quanto pelos profissionais de saúde os quais devem assumir o desafio de um tratamento adequado que certamente irá proporcionar uma melhor qualidade de vida aos pacientes.


Referências:

1. Evaluation and Management of Lower-Extremity Ulcers, The New England Journal of Medicine, 19 de outubro de 2017.

2. Brito, C.J.; Silva, R.M. - Cirurgia Vascular: Cirurgia Endovascular, Angiologia, 3a ed., Revinter, 2014

3. Singer AJ et al. Evaluation and management of Lower-extremity ulcers. N Eng J Med 2017; 377: 1559-1567.

 
 
 

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